domingo, 23 de junho de 2013

MANIFESTAÇÃO BRASIL 2013 - POR UM NOVO BRASIL


 

Apoio de brasileiros aos protestos é de 75%, diz Ibope

No entanto, metade dessas pessoas disse acreditar que os atos provocarão mudanças no País


 
 






O Brasil viveu, na segunda-feira 17/06/2013,  as maiores manifestações dos últimos anos. Os protestos prolongaram-se durante horas em diversas cidades. No Rio de Janeiro confrontos entre parte dos manifestantes e a polícia assumiram contornos de guerrilha urbana.
O protesto no Rio, o mais importante, mobilizou 100 mil pessoas, que ocuparam pacificamente o centro da cidade. Mas, no final, a violência eclodiu: um grupo de manifestantes entrou em conflito com a polícia nas proximidades da Assembleia Legislativa, cuja escadaria tentou ocupar.
Os manifestantes, reprimidos pela polícia com gás lacrimogéneo e balas de borracha, lançaram, segundo o jornal O Globo, cocktails-molotov, destruíram carros e danificaram edifícios públicos. Ficaram feridas 29 pessoas.
Em Brasília, centenas de manifestantes chegaram a ocupar a cobertura do Congresso e em São Paulo um grupo tentou invadir a sede do governo local. Maceió, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Belém e Belo Horizonte foram também palco de manifestações. Nas manifestações de segunda-feira terão participado mais de 240 mil pessoas, segundo a imprensa brasileira.
Os protestos no Brasil combinam a contestação ao aumento dos transportes públicos com os gastos na organização do Campeonato do Mundo de futebol de 2014 e o descontentamento com a agenda política.
São, segundo a AFP, as maiores manifestações sociais desde 1992, quando os brasileiros se mobilizaram contra a corrupção do Governo do então Presidente Collor de Mello.
Numa declaração, segunda-feira à noite, a Presidente, Dilma Roussef, disse que as "manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia".
Em São Paulo, onde pelo menos 65 mil pessoas saíram à rua, segundo o Instituto DataFolha, a manifestação foi pacífica, mas no final um grupo tentou derrubar um portão da sede do palácio do governo, segundo a Folha de São Paulo. Para esta terça-feira à tarde está marcado novo protesto na cidade, onde na última semana e meia ocorreram cinco grandes manifestações.
Em Brasília foram pelo menos 5000 os manifestantes, segundo a polícia. Alguns chegaram a ocupar a cobertura do edifício do Congresso Nacional, durante algum tempo, e a Polícia Militar posicionou-se para o caso de uma invasão.
Em Belo Horizonte, mais de 20 mil pessoas participaram no protesto. Para impedir a aproximação ao estádio do Mineirão a polícia usou gás lacrimogéneo e balas de borracha. Em Porto Alegre, 15 mil pessoas manifestaram-se frente à prefeitura com palavras de ordem contra o Mundial de futebol e de desagrado para com os partidos políticos. Houve também confrontos que provocaram pelo menos quatro feridos. Em Maceió, concentraram-se 3000 pessoas, em Salvador 5000.
O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso diz que é um erro desvalorizar os protestos e Luiz Inácio Lula da Silva criticou a violência policial.
  


Protestos provocaram a diminuição das tarifas em algumas cidades.
As manifestações por melhores serviços públicos que há duas semanas sacodem o País são apoiadas por 75% dos brasileiros, segundo uma pesquisa do Ibope cujos resultados foram divulgados na última edição da revista Época, que começou a circular no sábado (22). Apesar do elevado apoio, apenas 6% disseram ter ido às manifestações e apenas 35% dos que não foram tiveram a intenção de fazê-lo.
Apenas a metade dos brasileiros que apoiam os protestos considera que eles provocarão mudanças, segundo a pesquisa que entrevistou 1.008 pessoas em 79 municípios entre 16 e 20 de junho.
Os protestos se multiplicaram apesar de, segundo a pesquisa, 71% dos brasileiros dizerem estar satisfeitos com sua vida atual e 43% terem expectativas positivas sobre o futuro do País. Entre as pessoas que apoiam os protestos, 69% estão satisfeitas com sua vida e 39% acreditam em um futuro melhor para o País.

Em relação ao motivo dos protestos, 77% citaram o transporte público deficiente, 47% a insatisfação com os políticos, 32% a corrupção, 31% deficiências na educação e na saúde, e 18% a inflação. Interrogados sobre os principais problemas do País, 78% citaram a saúde, 55% a segurança pública, 52% a educação, 26% as drogas, 17% a corrupção e 11% a miséria.
As manifestações prosseguiram no sábado, embora com menos intensidade, apesar da proposta de diálogo que a presidente Dilma Rousseff estendeu na véspera aos manifestantes. Os protestos começaram na semana passada em São Paulo, exclusivamente contra a alta das tarifas de transporte público, mas ganharam outras reivindicações, como maiores investimentos na saúde e na educação pública, e críticas à corrupção e as despesas do governo para organizar eventos como a Copa do Mundo de 2014.
Nem o pronunciamento da presidente no qual propôs um pacto nacional para melhorar os serviços públicos nem a redução das tarifas de transporte público nas maiores cidades, que era a reivindicação inicial dos manifestantes, convenceram os brasileiros de parar com suas manifestações.
Apesar de perderam intensidade desde quinta-feira (20), quando cerca de 1,2 milhão de brasileiros saíram às ruas em uma centena de cidades, os protestos prosseguiram hoje em cerca de 20 municípios.

NO MUNDO:

Brasileiros no exterior saem às ruas para apoiar manifestantes no Brasil

Em diversas cidades do mundo aconteceram protestos em solidariedade às manifestações que pedem mudanças no Brasil. Atos são organizados por brasileiros que vivem no exterior e convocados pelo Facebook.
Em praticamente todos os cantos do mundo ocorreram, nestes últimos dias, manifestações em solidariedade aos protestos que acontecem no Brasil. Assim como no Brasil, os manifestantes no exterior – a maioria, brasileiros – defendem mudanças no país, incluindo um melhor combate à corrupção e mais investimentos em saúde e educação.
Na Alemanha, o maior protesto aconteceu neste sábado (22/06), na cidade de Colônia, a quarta maior do país e onde mora uma das maiores comunidades de brasileiros em solo alemão. A manifestação foi feita em frente à Catedral da cidade renana e transcorreu sem incidentes.
Gabriela Zopolato, uma das organizadoras do ato, disse que o protesto reuniu brasileiros e estrangeiros interessados em demonstrar solidariedade aos manifestantes no Brasil.
"Queremos incentivar as pessoas a irem às ruas, a se manifestarem. Não nos posicionamos contra nenhum governo, mas entendemos que é o povo quem precisa fazer a política", afirmou a estudante de engenharia mecânica na Universidade de Duisburg-Essen.
Colônia teve a maior manifestação na Alemanha
Hamburgo
Na terça-feira, protesto semelhante havia acontecido em Hamburgo, maior cidade do norte do país. Algumas dezenas de pessoas – aproximadamente 250, pelos cálculos dos organizadores – reuniram-se em frente à estação central de metrô da cidade.
Assim como os demais, o protesto de Hamburgo foi convocado pelo Facebook. A belo-horizontina Liz Cunha, de 22 anos, foi uma das organizadoras da manifestação. Há três anos e meio em Hamburgo, a mineira diz que teve a ideia após ler sobre a repercussão dos protestos em outras cidades da Europa. Ela afirmou estar "muito emocionada e muito orgulhosa" com os protestos em seu país natal.
A paulistana Lúcia Zanforlin Trede, de 30 anos, veio para a manifestação acompanhada dos pais e da filha pequena, de alguns meses. "Eu estou aqui para afirmar, para mostrar que o brasileiro quer mudar o Brasil, independentemente de morarmos lá ou aqui."
"Eu fico feliz por o povo brasileiro ter acordado, por estar se manifestando contra todas essas coisas que têm de mudar para o país ir para a frente", afirmou a engenheira química, que mora há nove anos em Hamburgo.
Primeiro protesto aconteceu em Berlim
Berlim
O primeiro protesto de brasileiros na Alemanha aconteceu em Berlim, no domingo passado. A passeata contou com a participação de mais de 250 pessoas, segundo a polícia, e criticou principalmente a violência policial em São Paulo e os gastos com a realização de grandes eventos esportivos no Brasil.
"Essa marcha é para mostrar para os alemães, para as pessoas que moram aqui e também para a mídia que está acontecendo algo no Brasil e que o país precisa ser olhado com atenção", disse Juliana Doraciotto, organizadora da manifestação em Berlim à DW Brasil. A profissional de marketing se inspirou nos movimentos de apoio às manifestações turcas que estão sendo realizados na capital alemã.
Também em Bremen, Hannover e Frankfurt aconteceram protestos organizados por brasileiros no exterior.
Cidade da Praia
Cerca de 30 brasileiros saíram neste domingo às ruas na Cidade da Praia, em Cabo Verde, para se manifestarem pacificamente com cartazes e entoando o Hino Nacional, em apoio aos protestos que ocorrem nos diversos Estados brasileiros desde o início deste mês.
A manifestação foi organizada pelo Movimento Acorda Brasil em Cabo Verde, formado por um grupo de brasileiros residentes e que surgiu no Facebook. O objetivo é "dar uma força" aos compatriotas que estão organizando os protestos em várias cidades brasileiras.
Manifestações de solidariedade semelhantes aconteceram em várias cidades do mundo, entre elas Londres, Paris, Cidade do México, São Francisco, Boston, Dublin, Toronto, Buenos Aires, Lisboa, Porto e até na praça Taksim, na Turquia.

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